terça-feira, 5 de abril de 2011

Elis Regina, a Pimentinha, também foi roqueira

Nossa querida e louvada Elis Regina teve também a sua fase de roqueira, bem ao estilo do final da década de 50 e início dos anos 60. Chegou a gravar um Long Play (LP), com doze músicas, no ano de 1961, quando Roberto Carlos ainda não era o Rei, e quem reinava era Cely Campelo. O disco chamava-se Viva a Brotolândia.
No ano de 1967, quem diria, Elis Regina liderou a passeata contra a guitarra elétrica e em defesa da Música Popular Brasileira. Um movimento infantil, ou mesmo “idiota”, como chegou a classificá-lo o jornalista Sérgio Cabral, do Pasquim e jurado do Festival da Canção de 1967. Ao lado de Elis, desfilaram nomes como Gilberto Gil (quem diria?), Edu Lobo e Jair Rodrigues.
Caetano Veloso e Nara Leão não foram ao protesto. Caetano teria comentado que achava aquilo muito esquisito. Nara Leão teria respondido:
- Esquisito, Caetano? Isso é um horror. Parece manifestação do Partido Integralista. É fascismo, mesmo!
Passeata contra as guitarras: Jair Rodrigues, Elis Regina, Gilberto Gil e Edu Lôbo
Mas, em 1976, no LP Falso Brilhante, Elis voltaria a curtir o rock, inclusive com guitarra, na bela canção Como Nossos Pais, de Belchior. Alguns trechos da letra é um tapa de luva sobre posições radicais, aquelas que acreditamos ser verdade absoluta e eterna. Belchior chega a dizer: “Minha dor é perceber, que apesar de termos feito tudo, tudo, tudo o que fizemos, ainda somos os mesmos, e vivemos como nossos pais”.
Elis Regina, quando gravou Viva a Brotolândia, tinha apenas 16 anos. Mas a voz já mostrava todo o talento de cantora e prenunciava uma carreira brilhante. Ela já era a Pimentinha, mas ainda verde. Depois, ficaria vermelha, mais ardida, porém, mais saborosa.
Na gravação de 1961, Elis ainda é uma cantora insegura quanto ao estilo de cantar. Mostra influência dos cantores de rock da época, inclusive Paul Anka, que é o autor da música que reproduzimos abaixo: Garoto Último Tipo, numa versão de Fred Jorge.
Vale a pena ouvir essa gravação histórica da vida da cantora e da música popular brasileira. No vídeo, algumas fotos de Elis em diversos momentos de sua carreira. Ajuda a matar a saudade da Pimentinha. Se bem que matar, mesmo, é impossível. A saudade é muita!


 Garoto último tipo

Elis Regina

Composição: Paul Anka / versão: Fred Jorge

Hoje um vi um tal brotinho
Que o meu coração foi logo conquistando
E eu não disse não
Garoto último tipo
Broto, sensação
Não sei porque dei meu coração
Saiu pra rua, trânsito parou
E pra mim o olhar mandou
Que garotinho, mais que tipão
E roubou o meu coração
Garoto último tipo
Broto, sensação
Não sei porque dei meu coração

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