quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Monica Salmaso e o CD mais belo deste ano


Quanto mais ouço mais convencido fico de que Corpo de Baile, de Mônica Salmaso, é o melhor CD lançado neste ano de 2014. Não apenas pela beleza das músicas inéditas da talentosa dupla de compositores Guinga e Paulo César Pinheiro. Mas principalmente pelo zelo do trabalho dedicado aos arranjos, harmonias sofisticadas, elegantes, e também pela bela voz, requintada e afinada de Mônica.
O disco foi lançado em agosto e até hoje muita gente nem sabe que ele está no mercado. Não é comercial e foi lançado por uma gravadora independente, a Biscoito Fino. Não faz parte do circuito da indústria cultural brasileira tão ansiosa por produtos descartáveis, aqueles aptos a serem substituídos rapidamente. Esse disco é antológico e para sempre.
Guinga e Paulo César Pinheiro não se falam há mais de vinte anos, mas não pouparam elogios ao trabalho de Mônica Salmaso, que, na verdade, vem sendo amadurecido ao longo de uma década. O CD ganhou arranjos de um time de primeira linha, que inclui Dori Caymmi, Tiago Costa, Nailor Proveta, Luca Raele, Nelson Ayres, Paulo Aragão e o marido, Teco Cardoso, que é responsável pela produção e direção musical.


Várias músicas são inéditas. Algumas estavam guardadas há mais de 40 anos. Outras foram gravadas, mas são pouco conhecidas. Bolero de Satã é a mais lembrada, pois foi gravada por Elis Regina, no disco Essa Mulher. A declaração de Mônica sobre o CD fala por si só: “As canções têm densidade musical, poética, melódica e harmônica. Achei que precisava colorir o repertório, esse baile de cores, com diferentes arranjadores para que uma faixa não pesasse sobre a outra. Discutimos minuciosamente cada música. Foi um trabalho a várias mãos, com muita antecedência, como se eles vestissem um arranjo em mim”, explicou a cantora.
Quem ainda não conhece Corpo de Baile pode começar a se emocionar com a beleza do CD por esses vídeos releases, divulgados pela Biscoito Fino no YouTube. Selecionei Rancho das Sete Cores, por relembrar nossa infância, as bandinhas de rua e a tradicional marcha-rancho de tantos carnavais. E, claro, a música que dá nome ao disco.
Sinceramente, é um CD que todos temos obrigação de ter em casa. Uma relíquia, de rara beleza e muito bom gosto. Músicas, letras, arranjos, interpretações... Tudo lindo demais, com destaque também para Nonsense, Navegante, Violada, Fim dos Tempos... Esse CD é o início dos tempos, a reafirmação de que a Música Popular Brasileira é de fato muito rica, embora a mediocridade tenha prevalecido nos últimos anos.



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