sábado, 2 de dezembro de 2017

Dia Nacional do Samba é dia da alegria nacional



Ari Barroso, mineiro, genial compositor de Aquarela do Brasil, foi conhecer a Bahia somente depois de ter feito o samba Na Baixa do Sapateiro. O dia? Era 2 de dezembro do ano de 1940. E, por isso mesmo, essa data acabaria se tornando o dia nacional para as comemorações do Samba. Era comum essa comemoração ficar restrita a Salvador e Rio de Janeiro. Hoje, não... felizmente. Ela se espalha pelo Brasil inteiro, assim como a paixão pelo samba e pelo futebol.
O samba cresceu e se desenvolveu até mesmo em São Paulo, onde poucos acreditavam que isso viria a acontecer. Vinícius de Morais chegou a dizer que São Paulo era o túmulo do samba. O poetinha dessa vez errou – e feio! Graças à população negra do Largo da Banana, na Barra Funda, o samba começou a fincar suas raízes, que frutificariam na Escola de Samba Camisa Verde e Branco. Das comunidades do Bixiga, os cordões carnavalescos fariam nascer a escola Vai-Vai. Isso tudo entremeado pelo talento de compositores como Paulo Vanzolini e Adoniran Barbosa.


As comemorações vão de Norte a Sul deste imenso Brasil. Percorrem o Norte e o Nordeste, passando pelo Centro-Oeste e desaguando em Porto Alegre. Até Brasília, capital da modernidade, tem seus espaços para os sambistas e apaixonados por esse ritmo tão brasileiro. Mas, tudo tem uma origem, e precisamos preservá-la.
No dia 27 de novembro de 1917, por exemplo, um cidadão chamado Ernesto Joaquim Maria dos Santos, popularmente conhecido por Donga, entrou na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, e registrou a partitura de Pelo Telefone, que ficaria conhecido como o primeiro samba gravado no Brasil. Cem anos depois, o Samba está aí, firme, forte, altivo, elegante, majestoso, popular e consagrado como o maior sustentáculo da verdadeira e autêntica Música Brasileira.

O samba sobreviveu aos ataques de mediocridade espalhados pelo universo da música pelos meios de comunicação, os mais poderosos principalmente. Neles, o espaço esteve sempre reservado para as músicas comerciais, descartáveis, no rol do sertanejo, do pagode, do funk e de um forró de baixa qualidade e pouco criativo.
O samba resistiu porque é capaz de aglutinar tendências e de estancar preconceitos e diferença de toda e qualquer natureza. Se enriqueceu ao receber influências diversas, sem perder a riqueza do seu sincopado, o tom do lamento e a variedade de temas. O historiador André Diniz tem uma frase lapidar, em seu livro o Almanaque do Samba (editora Zahar):  


“O samba é uma porta importante para entender a
 diversidade da cultura brasileira, as suas identidades. 
Acho que o samba tem as duas coisas, a construção modernista
 da valorização da mestiçagem e, é claro, a escolha 
pela própria sociedade como um gênero 
predileto nacional no século 20”.

Comemorar o século do samba é um orgulho para nós, apaixonados pela música e pela cultura popular brasileira. O samba não morreu, nem morrerá, jamais, e vai continuar a levantar nossa estima e a preservar a boa música e o bom gosto. De Donga e João da Baiana, passando por Noel Rosa, Ary Barroso, Dorival Caymmi, João Gilberto, Adoniran Barbosa, Paulo Vanzolini, até Paulinho da Viola, Chico Buarque, Caetano Veloso, Cartola, Dona Ivone Lara, Paulo César Pinheiro, e tantos outros! Podemos dizer com orgulho: O coração do brasileiro não bate, batuca!
Para comemorar, vamos ouvir a canção de Caetano e Gil, Desde Que o Samba é Samba, e Receita de Samba, de Jacob do Bandolim, na interpretação de Hamilton de Hollanda. 
Saravá, irmãos!



2 comentários:

  1. Bela homenagem. "O samba é tranformador".Que mude este mundo emburradinho.Abç. tuim

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    1. É isso, aí, Tuim. O samba é um elemento transformador e pode ajeitar o mundo... Obrigado pela participação.

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