domingo, 31 de dezembro de 2017

Passagem de ano é assim: nada de novo, nem de velho


Fim de ano é tempo de coisas novas e velhas ocuparem os espaços midiáticos, agora reforçados pelas redes sociais, onde se tem e se vê de tudo; inclusive, nada. Sempre descobrimos, ao final e ao cabo, que as coisas velhas não são tão velhas assim, e as novas não chegam a ser novidades no ritual repetitivo das passagens de ano. O final de 2017 não foge muito ao padrão de outros finais de ano. A diferença está no ano de 2018, que terá eleições em todo o Brasil e Copa do Mundo. O rol de expectativas é bem diferente.
Os desejos de Ano Novo são renovados, e vêm cheios de esperanças e sonhos. Todos temos certeza de que 2018 será melhor do que 2017, mesmo que algumas previsões apontem em direção contrária. Danem-se as previsões, principalmente as alardeadas pelos economistas de plantão. Eles sempre erram mesmo.


Devemos atentar, sim, para os institutos de pesquisas. Estes não erram nunca e garantem que o ano de 2018 será muito pior ou muito melhor do que este que chega ao fim.
Se as previsões não se confirmarem. Também não será o fim do mundo. Depois de 2018, virá o de 2019 e assim, sucessivamente. O mundo, como dizia o poeta maior Carlos Drummond de Andrade, é vasto. Ele continuará a dar sua volta elíptica em torno do sol; e nós, aqui na terra, continuaremos a sacudir a poeira e a dar a volta por cima.
Passagem de ano é bom para desejarmos o que há de melhor a todos. Faço minhas as palavras de Drummond no poema abaixo.


Os meus versos, também postados abaixo, são apenas uma pequena reflexão sobre este momento tão comemorado e comentado pelo mundo afora. Que 2018 encha os nossos olhos de alegria, a humanidade de poesia, e de música, os corações! Teremos mais chance de sermos felizes e enterrar de vez as previsões dos pessimistas. No mais, agradecer as graças alcançadas, de preferência ouvindo Gratias agimus tibi, de Bach.

Velho Ano Novo
José Carlos Camapum Barroso

Fim de ano é roupa branca,
Alma limpa e coração aberto,
O amor de sempre por perto
E um pipocar de esperanças.

Champanhe explode no ar
E os fogos, em artifícios,
Colorem o céu de ilusões...

Risos e abraços nos salões,
Gritos e choros nas calçadas
Cobertas de lágrimas e suor.
Papel picado e latas de cerveja...

Vai a noite, some a lua...
Os primeiros raios de sol
Trazem o ano novo pra rua.
Garis fantasiados de homens
Varrem restos de alegria.
O bar se fecha, abre a padaria.
Os jornais chegam mais cedo
A estampar notícias velhas
E as previsões de sempre.
O ano foi ruim! Este será bom!
O ano acabou... O mundo, não.
O mundo? É vasto o mundo.
Eu nem me chamo Raimundo
Muito menos, Drummond.

Desejos
Carlos Drummond de Andrade

Desejo a vocês...
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme do Carlitos
Chope com amigos
Crônica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a Banda passar
Noite de lua cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho.
Sarar de resfriado
Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender uma nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-Sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo.



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