terça-feira, 17 de abril de 2018

Dona Ivone Lara, aos 97 anos, vai buscar quem mora longe


Vai buscar essa saudade, sonho meu, sonho nosso, sonho de todos os que amam o samba e a Música Popular Brasileira. A Dama do Samba, dona Ivone Lara, esse ícone da nossa cultura, morreu nesta madrugada, na Coordenação de Emergência do Leblon, no Rio de Janeiro, onde estava internada desde sexta-feira (13), dia em que completou 97 anos de idade.
Compositora e intérprete de um talento excepcional, dona Ivone Lara era uma mulher forte, guerreira. Qualidades essas que foram lembradas pelos familiares no hospital. "Ela estava sempre procurando um caderninho para escrever uma música, estava sempre cantarolando pro neto. Até a última semana ela estava super bem, com a cabeça ótima. Ela estava muito fraquinha, mas a cabeça estava ótima", conforme contou ao G1 a nora Eliana Lara Martins da Costa.


Dona Ivone Lara teve forte influência musical da família. Sua mãe Emeretina Bento da Silva era cantora e emprestava sua voz de soprano a ranchos carnavalescos tradicionais do Rio de Janeiro, como o Flor do Abacate e Ameno Resedá. Seu pai José da Silva Lara era violonista de sete cordas e desfilava no Bloco dos Africanos. Como ficou órfã muito cedo, dona Ivone foi criada pelos tios e com eles aprendeu a tocar cavaquinho, a ouvir samba e a ter aulas de canto com Lucília Villa-Lobos.
Ao se casar com Oscar Costa, filho de Alfredo Costa, presidente da Escola de Samba Prazer da Serrinha, dona Ivone conheceu Mano Décio da Viola e Silas de Oliveira, que viriam a ser seus parceiros em sambas de enredo históricos, como Os Cinco Bailes da História do Rio, em 1965.


Depois de se aposentar em 1977, dona Ivone Lara passou a se dedicar de forma mais intensa à música e compôs belas canções, como Nasci para Sofrer, que se tornou hino da escola de samba do seu coração. Fez também Acreditar, Mas Quem Disse Que Eu te Esqueço e Não Me Perguntes, entre tantos outros grandes sucessos.
O corpo de dona Ivone Lara será velado nesta terça-feira na quadra da escola de samba Império Serrano. A música popular brasileira está de luto.


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